OPINIÃO

O que eles entendem por igreja

Por Luiz Carlos da Cruz

Cascavel teve neste sábado (26) a maior Marcha Para Jesus já realizada ao longo dos últimos 12 anos. A cidade foi impactada e os reflexos desse importante evento serão positivos ao Município. Não há potestade que resista a uma Igreja que clama, que dobra os joelhos em via pública para pedir a Deus uma intervenção na cidade e no País.

Mas este artigo não tem o propósito de falar sobre a importância da Marcha para a cidade e sim trazer uma reflexão sobre a Igreja de Cristo fora das quatro paredes.

Durante o trajeto pela Avenida Brasil, em determinado ponto observei um grupo de quatro moradores de rua que, sentados na grama do canteiro central, acompanhava os passos de cada uma das mais de cinco mil pessoas que marchavam pela via pública.

Quando passei por eles, educadamente cumprimentei-os e um deles me chamou. Agachei-me, coloquei a mão em seu ombro e sorri. Ele me puxou apertando meu corpo contra o seu. Abracei-o por um longo período e depois me dirigi ao outro morador de rua que estava coberto por um acolchoado e fumava um cigarro. Também o abracei. Ele estava acompanhado da mulher, que aparentemente está grávida e também mora na rua.

O homem que me chamou apontou para a multidão e fez o seguinte comentário:

– Essas pessoas que estão caminhando não são Igreja, você sim é Igreja. A Igreja é essa que vem abraçar a gente. Você é um dos nossos.

Argumentei mostrando que naquele momento o propósito da Marcha Para Jesus era orar pelo Brasil, que tanto precisa de nossas orações neste momento de crise nacional. O rapaz, no entanto, parecia não querer entender isso e emendou:

– Mas eles não me viram aqui, você me viu!

Enquanto ele falava, o prefeito Leonaldo Paranhos que também participava da Marcha Para Jesus deixou a multidão e veio conversar com eles, oferecendo abrigo na Casa Pop para que pudessem passar a noite.

Antes de sair eles pediram pra que eu fizesse uma foto deles. Despedi-me do grupo, mas as palavras do mendigo ficaram ecoando nos meus ouvidos. “A Igreja é essa que vem abraçar a gente.”

Comecei a refletir sobre isso. A Igreja precisa deixar urgentemente as quatro paredes e resgatar pessoas que estão na sarjeta. Precisamos de mais evangelho underground e menos festas gospel. Templos são necessários para termos comunhão com Deus e os irmãos, mas é fora da Igreja que o Evangelho de Cristo é exercitado.

Luiz Carlos da Cruz é jornalista e editor do Portal Boas Notícias

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